No texto escrito sobre a Carta da Terra, em 1994, Herbert de Souza, o Betinho chama a atenção para que a discussão da Carta não fique apenas num plano puramente idealístico ou idealista, mas procure tornar-se um instrumento de luta em favor daqueles que não têm nada e que, principalmente, não tem terra. Ele escreveu:
Um dia a vida surgiu na Terra. A Terra tinha com a vida um cordão umbilical. A vida e a Terra. A Terra era grande, e a vida pequena, inicial. A vida foi crescendo, e a Terra ficando menor, não pequena. Cercada, a Terra virou coisa de alguém, não de todos, não-comum. Virou a sorte de alguém e a desgraça de tantos. Na história, foi tema de revoltas, revoluções, transformações. A terra e a cerca. A terra e o grande proprietário. A terra e o sem-terra. E a morte.
Mas é tanta, é tão grande, tão produtiva, que a cerca treme, os limites se rompem, a história muda e, ao longo do tempo, o momento chega para pensar diferente: a terra é um bem planetário, não pode ser privilégio de ninguém; é um bem social e não privado; é patrimônio da humanidade e não arma de egoísmo particular de ninguém. É para produzir, gerar alimentos, empregos, viver. É um bem de todos para todos. Esse é o único destino possível para a Terra.
Fonte: Pedagogia da Terra, Moacir Gadotti, p. 120
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